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quinta-feira, 6 de agosto de 2020

"Reação Esperada (Meios e Fins)"

Temos armas e motivos
Pra fazer o que quisermos
Motivos nem sempre corretos
Armas quase nunca eficazes.

O perigo é fazermos 
Mesmo assim
Visando apenas o fim
Qualquer que seja o meio.

Seja qual for o objetivo
Quaisquer que sejam as vontades
Todo sonho será concreto
Dependendo do que fizermos.

Mas, pra cada ação
Se tem uma reação
Não se planta ódio
E colhe paixão.

O ódio só gera dor
Lágrimas nos olhos
Medo e rancor,
Nunca amor.


quarta-feira, 5 de agosto de 2020

“Reinado de Ódio”

Há fogo e fumaça por todo lado
Num país que está armado
Com metralhadoras e palavras
De ódio e revanchismo alado
Que por muito tempo ficou calado
Escondido atrás do armário.

Ninguém nunca está a salvo
Quando vive sempre forçado
A entregar toda batalha
Como um disco arranhado
Sempre com o mesmo engasgo
Como num transe hereditário.

Não há luz no fim do túnel
Nem cavalaria que salve
Quando reina a hipocrisia
E gritar a última sentença
É mais importante que estar certo
Quando a raiva é o mote
E o amor a Deus, à pátria 
E à família tradicional
São as desculpas.

Escondendo toda culpa
Omitindo todo o mal
Se prendendo a falácias
Sobre vida e sobre morte
Num silencioso deserto
Onde toda e qualquer diferença
É motivo de antipatia
Pra que todos se armem
E despejem todo o fel.

Mas há de chegar a hora 
Em que tudo irá passar
Pode até demorar
Mas a verdade há reinar
E a maldade irá se abrandar
Nem que seja no limiar
Na beirada de uma cova.


sexta-feira, 27 de maio de 2016

Devaneio (ou Príncipe das Histórias)

O calor do vinho servido
Em culto a um deus pagão
Nos entorpece os sentidos
E embaralha a razão.

Tornando assim o certo duvidoso
E o silêncio um ensurdecer ruidoso
Fazendo o chão tomar lugar do céu
E tirando de toda verdade o véu.

Nos apresentando um ser perpétuo
Que à noite todos visitam
Voando alto sem ter asas
Sem sequer ter que sair de casa.


*Poema em homenagem à série em quadrinhos "Sandman", criada 
pelo roteirista inglês Neil Gaiman, publicado pela Vertigo (DC Comics).

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Sabedoria vem com o tempo

A chegada da idade é uma coisa que na grande maioria das vezes todos vemos com maus olhos, pois vem acompanhada de um monte de coisas ruins: pressão alta, visão ruim, cansaços frequentes, dores espalhadas por todo o corpo, remédios pra uma série de doenças comuns quando o tempo começa a bater à nossa porta. Mas o que ninguém dá muita bola é o quanto ganhamos em “sabedoria”, paciência e tolerância com o passar do tempo. A gente acaba, meio que sem querer, aprendendo o que é e o que não é importante, com o que precisamos ou não "queimar nossos neurônios". Esse tipo de experiência não está disponível à venda em nenhuma loja, não se ganha de graça e o preço, apesar de, a princípio, parecer alto, vale muito a pena, pois aprendemos a não esquentar com o que ou quem não merece, a saber quando devemos tomar as rédeas e quando o melhor a se fazer é deixar a maré nos levar.



Talvez ainda falte muito pra adquirir metade de toda essa sabedoria que falo aqui, mas percebo que aos poucos, com tudo que vamos passando ao longo da vida (no dia-a-dia mesmo), algumas coisas que antes pareciam insolúveis vão se tornando corriqueiras e acabamos nos acostumando a conviver com o que não podemos solucionar definitivamente ou ter paciência com o que realmente é de difícil solução.

A verdade é que evoluímos, nos tornamos mais serenos pra não enlouquecermos. Claro que sempre há as exceções. Tem gente que fica cada vez mais rabugenta, preferindo o ódio e a intolerância desenfreada com quem convive diariamente (ou mesmo ocasionalmente) a algo mais tranquilo pra si mesmo e a outros, o que acaba fazendo mal a todos. Acho que todos temos exemplos dos dois casos. Pessoalmente, prefiro tentar me enquadrar ao primeiro grupo, mas isso, na verdade, quem pode dizer são as pessoas que me conhecem. 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Reload: Novos e inusitados "15 minutos de fama"

Antigo = Inútil. Será?
Engraçado como as pessoas podem encarar de diferentes maneiras os altos e baixos inerentes às mais diferentes carreiras, sobretudo as, ditas, "artísticas" (que envolvem coisas tão variadas quanto telenovelas, esportes, apresentação de programas televisivos ou até mesmo socialites, conceito que até hoje não compreendo bem). Reflito sobre isso porque lembrei de uma campanha publicitária relativamente recente (e constante) que ressuscita diferentes personalidades de outrora que se perderam no labirinto de nossas memórias já há algum tempo, muitos deles, sequer lembrávamos da existência.

O curioso é que a participação dos tais ex-famosos nos curtos filmes de divulgação do produto/serviço oferecido pela empresa em questão acabam usando (talvez, mesmo sem perceber) do humor negro onde os diferentes protagonistas acabam se autorridicularizando (é assim mesmo que escreve?), colocando-se como algo nebuloso que faz parte do passado de todos nós direta ou indiretamente e hoje não faz sentido algum pra gente, a ponto de desejarmos que a mais remota lembrança disso desapareça de uma vez por todas de nossa memória.


O interessante é que essa autorridicularização acabou trazendo à tona essas “artistas” que sequer sabíamos se ainda respiravam (algumas vezes, a bem da verdade, pouco nos importávamos. Calma. Brincadeira...) e, de uma forma, no mínimo, bem estranha acabaram voltando aos holofotes, Deus sabe por quanto tempo mais, até serem esquecidos novamente. Resta esperar que ele agarrem seus novos 15 minutos de fama com toda força e, quem sabe, aproveitem pra se reinventar afim de mostrar seu valor para não serem esquecidos novamente, pois é bem provável que uma nova chance como esta demore bastante pra aparecer. Não é porque está velho ou esquecido que não tem valor algum. A volta do vinil tá aí pra provar isso. Resumindo: Não é porque é velho que um livro não possa trazer algo de novo (às vezes, útil) pra uma nova geração. Nem que seja pra aprender com os erros.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Estranhos Imperfeitos

Aqui não há herói ou vilão
Mocinho ou bandido
Isso é coisa de ficção
Mas não é exclusivo
Desse tipo de livro.

Na vida real
Só gente “normal”
Com qualidades e defeitos
Sempre estranhos e imperfeitos.

Aqui ninguém entende ninguém
Cada um com sua própria razão
E todos achando que estão sempre certos.

Com os dois olhos bem abertos
Ambos cegos pra qualquer coisa além
Dos domínios do próprio coração.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Violência: Uma constante na história da humanidade

Pinturas rupestres já retratavam
guerras entre tribos
A violência é um instinto natural do ser humano, desde o surgimento dessa espécie específica na terra, quando ainda vivíamos em cavernas. Já dizia o pensador inglês Thomas Hobbes (1588-1679) que, em seu “Estado de Natureza”, “o homem é o lobo do homem”, e, mesmo que não haja batalha, a guerra está latente em seu íntimo, e pode acontecer a qualquer momento, mesmo que sem nenhuma razão aparente. 

É como se os egos estivessem em constante rota de colisão e fôssemos feitos pra não nos entendermos (nem vivermos em paz). Basta observar alguns restos mortais mais antigos de homens que viveram há mais de 10 mil anos, alguns mortos a pedradas ou golpes de tacapes ou objetos pontiagudos em seus crânios ou ainda as pinturas rupestres tão antigas quanto. Logo que começaram a registrar de alguma forma seu cotidiano, havia caça, pesca, e as guerras, que implica em violência. Por território? Pela sobrevivência? Tanto faz, o que importa é que a violência existe desde sempre e ao longo do tempo só os motivos vão mudando.

Plateia se diverte com violência na arena, em cena
da telessérie "Spartacus"
Na Antiguidade, grande parte da violência foi despendida em guerras por território, culminando no expansionismo romano, que resultou em muitos prisioneiros de territórios conquistados, mudando muito o quadro, fazendo com que o ser humano finalmente revelasse sua verdadeira “simpatia” pela violência, que por vezes acabou tornando-se o centro do espetáculo, entretenimento puro, o centro das atenções na conhecida política do “pão e circo”, onde pobres escravos e prisioneiros de guerra eram obrigados a tornarem-se gladiadores e lutarem até a morte com seus iguais ou mesmo feras famintas, como tigres e leões. Era a “violência pela violência” e as pessoas se divertiam com isso. A própria morte de Jesus de forma violenta foi um grande espetáculo exigido pelo próprio povo que ele tanto defendia. Ou você pensa diferente? Daí tivemos uma grande evolução na arte da guerra e de infligir dor e desespero em outro ser humano de formas antes inimagináveis. É a tortura, cuja ausência implicava na (absurda) não aceitação de uma confissão de quem quer que fosse por qualquer que fosse o crime a que estivesse atribuindo a si mesmo a autoria pela lei romana. Como as coisas mudam, não? 

Entre muitas e intrincadas curvas pelo caminho da violência (passando pela escravidão negra) chegamos ao ápice da brutalidade contra outro ser humano: o "Nazismo", onde, simplesmente por serem diferentes, pessoas eram obrigadas a viver em situação pior que animais, eram frequentemente torturadas, sujeitas à experiências médicas bizarras, passavam fome e eram assassinados aos montes. Não vou falar de tudo e todos que fizeram coisas horríveis ao longo de toda a história da humanidade, até porque são tantos e o espaço é tão curto e até mesmo o conhecimento deste que escreve. 

MMA é uma espécie de retorno 
ao Coliseu Romano
Meu intuito mesmo é chegar aos dias atuais, do “politicamente correto”, onde tanto se defende o fim da violência em espetáculos eminentemente de entretenimento, sobretudo esportes (MMA), filmes (300) e séries de tevê (Spartacus), quando sempre que as pessoas passam por um acidente de trânsito e não resistem a dar aquela olhada direta no centro do furacão pra saber se alguém morreu, principalmente, ver o estado que a pessoa ficou. Você já se perguntou por que? E os esportes violentos de hoje? Será que não são apenas uma reimaginação do antigo Coliseu romano, com novos gladiadores, que lutam de forma violenta, algumas (poucas) vezes terminando até em morte, como outrora? E os filmes violentos, por vezes tão divertidos (que o diga Quentin Tarantino) será que não existem apenas pra saciar a sede de um público ávido por sangue?

Pulp Fiction: Quentin Tarantino domina a violência,
tornando-a divertida e repleta de humor negro
Poderíamos passar anos e anos discutindo sobre o assunto, mas o que continua valendo é que as pessoas gostam disso desde sempre e buscam não apenas em esportes e obras de ficção, mas também na vida real. Ou você nunca reparou que há um aumento substancial da audiência quando acontecem grandes tragédias? Uns podem dizer que é pela grande comoção social. Este escrevinhador, por outro lado, acredita que é pela possibilidade de ver cenas violentas diferentes das que estamos tão acostumados a ver no dia-a-dia. Simplesmente pra sair do marasmo... A vida é violenta, quer queiramos ou não e, infelizmente, esse legado é transmitido geração após geração e vai continuar sendo porque faz parte de nós, ainda que exista a classificação indicativa de idade (que acredito que deve existir, pois crianças são impressionáveis e isso pode refletir negativamente em sua formação), infelizmente estamos apenas adiando o inevitável, pois a "sede de sangue" é inerente à humanidade. O que não podemos é deixar que isso se reflita em nossas casas, com nossas famílias ou no trânsito, por exemplo. Já que ela é necessária, é melhor que fique apenas na ficção.