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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Sobre amor e chuva

- Será que vai chover? 
Foi assim que João, meu amigo desde a infância, abordou pela primeira vez Cristina para uma conversa numa tarde de muito calor em que todos nós, muito jovens na época, estávamos com os hormônios em ebulição em busca do mínimo de atenção do sexo oposto.

- Mas que papinho mais manjado!
Pensei eu comigo mesmo a respeito do assédio, se é que assim poderia se chamar, de João a Cris. Mas, a tarde foi passando e João começou a engrenar em papo mais interessante e, não é que ele conseguiu? A Cris ficou caidinha com o papo-cabeça que o cara jogou e, ao final daquela tarde eles estavam namorando. E, o pior não é isso! O pior é que durou. Os dois estão juntos até hoje. Casaram, tiveram filhos. Só não digo que foram felizes para sempre por que esse negócio até criança sabe que não existe.Teve uma época que eles se separaram. Eu soube que o ele andou “pulado a cerca” e a Cris ficou uma arara com ele por um tempo, mas eles logo conseguiram superar essa barra e outras tantas que vieram antes e depois disso e estão juntos até hoje.

E agora estou eu aqui com um pouco (muito!) mais de quarenta, cheio de cabelos brancos numa cama de hospital com uma doença sem cura que pode me matar a qualquer momento. Olho pra mim e minha vida cheia de “amassos”, cheia de gatinhas, cheia de curtição, mas sem esposa, sem filhos, sem legado. Sem um mínimo de “papo” com o sexo oposto desde a minha adolescência até hoje. Então, olhando pra minha vida e para a de meu amigo João (que é a única pessoa que me visita atualmente no hospital), vejo quem teve sorte e quem não teve, quem soube aproveitar a vida e suas oportunidades e quem não soube e fico pensando: 
-Que falta faz uma “conversinha manjada” de vez em quando, pois ela pode gerar felicidade para o resto da vida.

E eu sempre querendo ser o mais original em tudo que fazia. Queria eu ter tido a mesma coragem meu amigo teve de chegar em uma garota que realmente valesse a pena e perguntar: 
-Será que vai chover?

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